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PARA A PUTA QUE LEVOU MEU AMOR

Posted on 26 de setembro de 202426 de setembro de 2024 by duda

A garota vinha caminhando calmamente em minha direção, com as pernas nuas e brancas, chamando toda a atenção de quem passava. Eu nem me comovia mais. Já havia estado entre aquelas pernas um milhão de vezes. Ouvi aquela puta gemendo no meu ouvido mais vezes do que já ouvi meu álbum preferido. Ela decidiu acender um cigarro, e algo dentro de mim dizia que aquele gesto foi feito apenas pra me emputecer.

Aqueles olhos verdes me fitavam com um sentimento intenso, nunca consegui descobrir o que é, mas o olhar carregava algo. Ela me abraçou, como sempre fazia quando algo ruim ia acontecer – era o prelúdio da tragédia. Esperava que ela não me deixasse. Sem essa puta, não consigo viver. Ainda assim, dei um sorriso amarelo para mostrar que tudo está bem, sem realmente estar.

Fomos ao bar da esquina, e a filha da puta pediu whisky. Puro e com gelo. Segundo dizia, qualquer outra coisa que fosse posta na bebida estragaria toda a experiência do Ballantine’s 12 anos que ela tanto amava. Começou a bolar um cigarro de tabaco com as mãos trêmulas, e o brilho da aliança – que simbolizava aquela porra de relacionamento – me cegava.

Na minha cabeça, só consegui me lembrar das vezes em que fodemos no banheiro daquele lugar. Dela implorando pra me chupar. Da cara com a maquiagem borrada, me dando um beijo e dizendo que era minha. Minha, só minha. Minha puta. Para sempre, minha. Palavras dela.

Algumas doses de whisky depois, o discurso teve seu inicio. Ela não me amava mais. Queria ficar com outras pessoas, conhecer coisas novas. Basicamente, queria sentar em outras picas. Não é como se eu estivesse surpreso. Os sinais estavam lá a bastante tempo: a falta de interesse em mim, as saídas secretas, as desculpas para não me ver. Foi como ver um quebra-cabeça se completando na minha frente. A última peça se encaixando.

Tive que me segurar pra não arrastá-la pelo cabelo até o banheiro e a fazer implorar novamente pra sentir meu gosto. Preferi fazer da maneira mais fácil:

– Eu entendo. Mas acho que a gente poderia foder aqui de novo, pra ser nossa despedida.

Ela abriu um sorriso que eu não via há muito, muito tempo. Parecia que eu tinha oferecido um tesouro a ela, quando na verdade, só tinha feito ela me querer novamente.

Nos afastamos da roda de pessoa que nos cercava, a mão gelada dela encontrava a minha, e, por um segundo, a nostalgia me nocauteou. Estávamos fazendo o que sempre fazíamos desde sempre: andando juntos, sorrindo, parecendo felizes e procurando um lugar pra foder.

Chegamos no nosso canto. Nosso canto de foda improvisada. Era um beco escuro que dava atrás do bar, ninguém nunca passava lá, e era bem estreito. Nossos lábios se tocaram e todo um fogo novo se acendeu dentro de mim. Das minhas calças, pra ser exato. A vadia levantou o vestido e mostrou a bunda branca e macia pra mim. Abaixei a calcinha vermelha de renda, cuspi na boceta dela e comecei a enfiar. Com uma mão, tapei a boca dela. A outra estava segurando a cintura fina que se contorcida a cada estocada. Aquela seria a última foda de todas – seria o fim do nosso pacto. Eu tinha que aproveitar cada segundo, cada olhar que ela lançava pra mim, me desejando como nunca.

Quando senti que estava perto de gozar, fiz o pedido que ela nunca atendeu: deixa eu gozar na sua cara. Até pensei que seria uma má ideia, considerando que ela pretendia ir pra outro lugar depois dali, mas senti que aquele era o momento ideal pra isso. Ela levantou o vestido, se ajoelhou e me encarou com olhos de lince. Estava preparada para receber tudo que eu poderia oferecer. Gozei na boca dela, nos olhos, na bochecha (que estava vermelha, do mesmo jeito que ficava quando ela sentia vergonha), gozei até no cabelo. Mais uma vez, o sorriso estava ali. Era como se a paixão tivesse voltado a tona, e eu fosse o mundo dela de novo. A porra foi limpa na barra do vestido.

A desgraçada ficou de pé, me envolveu com os braços em volta do meu pescoço e me deu um beijo. Um beijo demorado e apaixonado, assim como nosso primeiro beijo. Minha mão estava no bolso da jaqueta verde que me esquentava, e um pequeno click pode ser ouvido – isto é, se você estivesse sóbrio o suficiente para prestar atenção nos detalhes.

Me aproximei da orelha pequena e bonitinha que ela tinha, mordisquei a parte com mais carne e sussurrei a nossa profecia: Minha. Minha puta. Só minha.

A puxei para mais perto de mim, e a mão que antes estava quente no bolso, segurava algo afiado e pontudo. O canivete – que era um presente dela, no nosso aniversário de dois anos – perfurou a costela. Senti um liquido quente escorrendo no meu braço, uma das melhores sensações que já pude experimentar. O sangue nunca é como nos filmes, ele é bem mais escuro quando sai em grandes quantidades. Quase fodi tudo, pois a maldita quase gritou, só que eu fui mais rápido – tirei a lâmina da costela e enfiei no pescoço que no passado, enforquei muitas vezes. O corpo sem vida se esmaeceu em cima do meu, dei um beijo na bochecha que ainda estava vermelha, arrumei um jeito de deixa-la sentada no chão, encarei seus olhos verdes pela última vez – mesmo sem vida, ainda eram intensos como olhar diretamente pro sol. Procurei um chiclete no bolso, enfiei na boca e saí pra escuridão da noite.

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SOBRE A AUTORA

Transgredindo os pensamentos mais conservadores e causando danos irreparáveis às mentes mais puritanas. Escrevo isso aí quando fico entediada.
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