Maria Madalena, que na verdade preferia que a chamassem só de Madalena, supostamente era diferente das outras mulheres que ali viviam. Na verdade, ela não se sentia diferente, ainda que todos a olhassem dessa maneira.
Madalena, que veio de Magdala e agora fazia sua morada em Cafarnaum, gostava de se divertir. Às vezes, quando o dinheiro dava, ela comprava um litro de vinho e ficava sozinha em seu quarto, bebendo e imaginando o que mais que tinha no mundo além daquela vida de divorciada. Sim, divorciada. Vocês não acharam que ela fosse puta mesmo, né? Se bem que, naquela época, ser divorciada e ser puta era quase a mesma coisa.
Seu divórcio ocorreu de maneira até que bem tranquila — Madalena alegou que seu marido havia contraído lepra e, por isso, precisava se separar. Na realidade, seu marido era constantemente visto na companhia de rapazes mais jovens em sua oficina de ferreiro, sob o pretexto de “ensiná-los os ofícios da profissão”. Um dia, Madalena entendeu quais eram esses ofícios e ainda que o que ela viu tenha causado um misto enorme de tesão e choque, ele optou por presenteá-la com uma boa quantia de dinheiro, fingir uma doença, se separar e mudar de cidade.
Desde então, ela vivia sozinha. Pensava em se casar novamente, como toda mulher deveria pensar naqueles tempos, mas parte de seu ser era totalmente contrário a essa ideia. A verdade é que Madalena gostava dos poucos olhares que trocava com as pessoas em comércios ou nas ruas — sabe aqueles olhares? Que de primeiro momento podem não parecer nada, mas, se você prestar atenção, vai ver aquela faísca ardendo por menos de um segundo? Então, esses olhares. De alguma forma, aquilo fazia ela se sentir um pouco mais viva. E sabia que, se casasse novamente, mal poderia sair de casa, quem dirá olhar por mais de um segundo para outro alguém.
Só que mesmo assim, ela se sentia solitária. É difícil de explicar. Existiam dias bons e dias ruins — nos dias ruins, ela ficava deitada, chorando, remoendo seu passado, seu presente, seu futuro e desejando ter nascido homem, para que pudesse fazer tudo que fosse de sua vontade. Para fazer o que viu seu marido fazendo com aquele jovem rapaz, para andar livremente pelas ruas, para aprender sobre a Lei, sobre as Letras, para escrever sem ter que queimar os papéis depois.
Nos dias bons, ela costurava roupas, criava receitas novas na cozinha e pensava “Ainda bem que eu nasci mulher! Não sei se ia conseguir andar com aquele negócio pendurado entre minhas pernas. E meu véu é muito mais bonito do que qualquer túnica masculina que já vi.”
O problema é que, naquele período, Madalena só tinha dias ruins. Uma melancolia sem precedentes a atingiu, e ela não sabia o porquê disso. A última vez que passou tanto tempo chorando, foi quando seu pai a obrigou a matar sua galinha de estimação (chamada Rute, que descanse em paz).
A senhora que alugava seu quartinho e vivia no andar debaixo estava começando a ficar preocupada, achando que Madalena estava possuída. Talvez ela estivesse. Não possuída pelo que as pessoas chamam de “demônio”, mas sim por um sentimento incontrolável de angústia. Madalena não comia há dias. Estava pronta para aceitar sua morte. A ideia de ser livre em outro lugar, mesmo que fosse apenas de espírito, a confortava bastante.
Só que bem quando esse pensamento a dominava, bem quando seus olhos estavam se fechando e ela não tinha forças para pensar em mais nada, uma presença desconhecida surgiu em sua porta, acompanhada da proprietária da casa. Madalena fez um esforço para abrir seus olhos, e não se arrependeu disso.
A sua frente, estava um homem moreno, de estatura mediana, com cabelos castanhos e aparados. Para falar a verdade, sua aparência era comum, mas tinha algo na sua energia, na sua aura, na sua presença, que emanava calor. Emanava conforto, vida, felicidade. Fez com que Madalena se lembrasse de sua infância, de quando Rute a seguia pela fazenda de seu pai enquanto ela colhia maçãs dos pomares. De quando ela não conhecia o conceito de liberdade, portanto, não sofria por não tê-la.
De repente, uma voz masculina ecoou pelo cômodo:
— Esta é a mulher que precisa de minha ajuda, senhora?
— Sim, senhor Jesus Cristo… Esta é Maria Madalena, que chora todos os dias e todas as noites, que grita com pavor, que está possuída pelo demônio e não cumpre suas tarefas. Temo que Deus tenha abandonado-a há tempos.
— Deixe-me sozinho com ela, senhora.
— Mas, senhor Jesus…
— Senhora, quero apenas poupá-la de olhar na face do demônio que vive em Madalena. Creio que há horrores nesse mundo que ninguém deveria ver, muito menos uma devota serva de Deus como você.
— Está bem. — A senhora saiu do quarto. E Madalena estava sozinha com aquele homem intitulado Jesus.
Ele se aproximou da mulher com cuidado. Podia sentir todo o desespero que aquela pobre alma estava sentindo como se fosse seu próprio. Jesus tinha realizado muitos milagres e presenciado muito sofrimento até então, mas a maioria deles eram provenientes da carne. Nunca antes havia se deparado com aquele sofrimento espiritual, com aquela angústia sem fim.
— Madalena. Posso te chamar assim, de Madalena? Sei que não gosta de ser chamada de Maria, por te fazer igual a todas as mulheres.
Madalena arregalou os olhos. Nunca tinha contado isso a ninguém. Sempre preferiu ser chamada de Madalena porque a lembrava de sua cidade natal, mas não gostava muito de Maria porque sentia que o pouco que lhe era permitido ter de individualidade desaparecia — já que esse também era o nome da maioria das mulheres que ali viviam.
— Eu sei de tudo, Madalena. Sei como se sente desesperada. Sei como tenta o seu melhor todos os dias, sei que não se acha suficiente. Sei que se culpa pelo que aconteceu em seu casamento. Sei até da Rute, e como você enganou seu pai para matar outra galinha no lugar dela. Sei o quanto doeu quando você teve que deixá-la ir para poupar sua vida.
Era um feiticeiro. Com certeza, era um feiticeiro. Podia ler mentes! Ela tinha ouvido falar de histórias assim — de homens que podiam fazer coisas incomuns. Mas pensou que fossem apenas contos, coisas que as pessoas falam sem ter certeza da veracidade.
— Madalena, eu não sou um feiticeiro. Sou filho de Deus, o príncipe da paz. Bom, é uma história complicada. Isso eu te conto depois, quando você melhorar.
Sendo assim, Madalena estava em uma situação mais delicada ainda. Se aquele homem, Jesus, era filho de Deus e podia ler seus pensamentos, ela tinha que se esforçar para silenciá-los o mais rápido possível, devido à sua natureza imprópria. Não a entendam mal, ela estava sim sofrendo. Mas aquela energia que vinha de Jesus, acendeu uma vitalidade que há muito estava adormecida. E Jesus era bonito. Agora que ele estava mais perto, ela podia ver: a cor de sua pele a fazia pensar no calor do sol, seus olhos eram negros como um abismo (daqueles que você sente uma vontade irresístivel de pular) e sua boca era carnuda e bem delineada, daquelas que você sente vontade de…
— Madalena. — sua voz interrompeu seu raciocínio. — Eu vou orar por você e vou te mostrar que existe muito mais na vida do que você imagina. Vou te mostrar que mesmo sem a liberdade que você tanto almeja, ainda pode se sentir livre de várias formas. Mas só farei isso se você permitir. Se desejar procurar a liberdade em sua morte, não vou impedi-la.
Bom. Como dizer “não” ao filho de Deus, não é mesmo?
E, assim, Jesus orou por Madalena, e a cada palavra que ele proferia, ela podia sentir seu desespero ir embora, podia sentir sua vontade de viver sendo restaurada. Era como se ela nascesse de novo; seus temores do passado ficaram para trás, sua culpa desvaneceu, e o mundo, enfim, parecia se colorir novamente.
Depois da oração, Jesus fez aparecer carne de cordeiro. Sim, fez aparecer. Assim, do nada mesmo. E isso nem chocou Madalena, pois agora ela entendia que seja lá quem ele fosse — filho de Deus ou um feiticeiro — ele era extraordinário. E o extraordinário é tudo que ela sempre procurou.
Ela imaginou que a carne teria um gosto diferente das que tinha experimentado antes — já que era uma carne que apareceu literalmente no ar, mas, para sua surpresa, o gosto era perfeito. Impecável. Provavelmente a melhor carne de cordeiro que já provou na vida, e Madalena tinha provado muitas, por ser seu alimento preferido.
— Como se sente, Madalena?
— Me sinto melhor. Mais leve.
Ela também se sentia envergonhada, mas decidiu guardar isso para si. E, se Jesus ouviu esse pensamento, respeitou sua privacidade e não falou nada.
— Que bom, Madalena. Agora vamos sair desse quarto antes que os rumores comecem, e vamos dizer que eu expulsei sete demônios de seu corpo. Isso deve ser o suficiente para justificar o tempo que ficamos aqui sozinhos.
— Por que não contar a verdade?
— Porque eles nunca entenderiam, Madalena. E, à essa altura, você já deveria saber disso.
Saíram do quarto. Jesus relatou a todos sobre os demônios da mulher, enquanto ela chorava copiosamente de emoção, parte porque queria que a história fosse crível, parte porque se sentia genuinamente grata por ter saído daquele poço sem fundo.
Então, Cristo anunciou que seu trabalho ali estava feito e que deveria partir. E Madalena, por não suportar a ideia de ficar longe de seu salvador, decidiu segui-lo em suas peregrinações. Era o pretexto perfeito, na verdade: aparentemente, todos acreditavam mesmo que ele era um Messias (!!!) e inúmeras pessoas o acompanhavam, inclusive mulheres. Madalena poderia, enfim, conhecer o mundo. E se sentir livre, como lhe foi prometido.
Assim, eles foram para a próxima cidade, onde ela começou a entender melhor quem Jesus era e o que ele representava. Se ela achou pura maluquice que ele conseguia ler mentes, quase caiu para trás quando viu ele ressuscitar um homem e curar um cego. De noite, quando montavam o acampamento para dormir e ela ficava sozinha em sua tenda, se perguntava se ele poderia ler seus pensamentos mesmo à distância.
Sua relação com Jesus era confusa, pra falar a verdade. Eles conversavam muito sobre a vida, sobre o que Jesus já tinha visto e feito, e o Messias até ensinou uma coisa ou outra sobre a Lei e as Letras. Ele incentivava Madalena a escrever, pois adorava seus textos e a forma como ela imaginava que o mundo era — chegava até a sentir tristeza quando os papéis queimavam nas chamas alaranjadas. Ela se sentia em casa com Jesus, mas seus sentimentos lhe perturbavam: ora o via como o Messias, o filho de Deus, o escolhido para salvar a humanidade, ora como um homem, no sentido mais carnal que você pode imaginar.
Certo dia, quando todos estavam dormindo e eles conversavam baixinho atrás de uma macieira, Jesus sentiu a inquietude na alma da mulher:
— O que tanto te perturba, Madalena?
— Achei que você lesse pensamentos, senhor.
Jesus abriu um sorriso.
— Eu tento não ler os seus, pra falar a verdade.
— E qual seria a razão disso?
— Gosto mais de ouvi-los saindo da sua boca. Sempre me surpreende positivamente.
Ela ficou em silêncio, tentando digerir o comentário. Se sentiu especial por alguns momentos. Se perguntou se Jesus, mesmo sendo uma criatura divina, tinha desejos de homem.
— Senhor, é que… Nesse caso, acho que, se realmente quiser entender tal perturbação que me aflige, seria melhor procurar em minha mente. Não acho que eu tenha a coragem de expressá-la em palavras.
Com esse consentimento, Jesus então se permitiu dar uma olhada. E mais do que apenas olhar, ele sentiu. Eram como cenas se formando diante de seus olhos; viu a si mesmo pela perspectiva da mulher, sentiu o calor que ela sentia quando estava perto dele, viu como ela reparava nos detalhes de sua face; e viu também o que ela fazia quando estava só em sua tenda, quando se sentia sozinha…
Madalena estava olhando para o lado e seu rosto estava vermelho de vergonha.
— Madalena. Olhe para mim.
Ela se virou e fixou seu olhar em Jesus.
Ele então se aproximou da mulher e a beijou suavemente nos lábios. Era uma sensação diferente da que tinha experimentado antes. Era… como o sol. Era como deitar na grama num dia ensolarado, olhar para o céu e sentir que tudo estava exatamente no lugar que deveria estar. Sem a pressão de morrer e salvar a humanidade, só porque seu Pai precisa de um mártir para a causa.
Ele a segurou pela cintura e a deitou no pé da árvore, beijando seu pescoço, tocando em seus seios, tateando cada milímetro de seu corpo.
Jesus, que era dos Céus mas também era da carne, já havia experimentado os prazeres deste último. Vocês não achavam que ele tinha passado ileso por todo esse tempo, né? Mesmo antes de ser reivindicado como filho do Senhor dos Exércitos, as mulheres já reparavam nele (e alguns homens também, aliás). Eu disse que Jesus era bonito, não disse?
Já Madalena, pela primeira vez, se sentiu desejada. Não desejada como propriedade — como seu ex-marido raramente fazia — mas sim como mulher, como pessoa, como se Jesus pudesse ver e aceitar todas as partes que ela guardava para si. Resolveu, então, dar o melhor que podia naquele momento.
Começou tateando todo o peitoral de Jesus até finalmente chegar onde queria: no seu pau. E era um pau…bom, como explicar? Era um pau delicioso. Daqueles que Madalena sonhava quando se divertia sozinha no escuro. Claro que ela só tinha visto um pau antes disso (dois, se vocês contarem o do amante de seu marido), mas ela imaginava que a coisa mudava de homem pra homem. Sentiu também que, da cabeça daquele pau, saía um líquido, e se perguntou se homens ficavam molhados como ela ocasionalmente também ficava, e se sim, lamentou-se por não saber disso antes.
Fez movimentos de massagem, tentando ser o mais delicada possível, por medo de machucá-lo. Mas, pensando bem, ele era Jesus. O Jesus Cristo. Qual é, o cara ressuscitava gente morta no meio da rua. Ele não podia ser tão sensível assim. Então ela aplicou um pouco mais de força e de velocidade, o que pareceu agradar muito o Messias. Enquanto isso, Jesus continuava a saborear Madalena, se aventurando também em escorregar sua mão para debaixo de sua saia. Naquela época, provavelmente poucas pessoas sabiam o que era um clitóris, mas para a sorte dela, Jesus sabia, e além disso, sabia muito bem o que fazer com ele.
Por um momento, Madalena ficou preocupada. Sentia que estava encharcada da cintura para baixo, como se alguém tivesse jogado água nela. Até se perguntou se tinha feito xixi sem querer, porque nunca tinha experimentado tal coisa antes. Jesus, como se lesse os pensamentos dela, enfiou sua cabeça debaixo da saia e lá demonstrou todas suas habilidades com a língua. Circulando, subindo, descendo, enfiando um dedo, enfiando dois dedos, enfiando três dedos (!!!)… Madalena nada podia fazer além de segurar firme nos cabelos dele e gemer baixinho de prazer.
Logo, ela o puxou para cima e afundou sua boca na boca dele. Colocou suas pernas ao redor de sua cintura, procurando encaixar sua buceta no pau dele. E quando finalmente Jesus meteu nela, ela sentiu como se estivesse derretendo. Você sabe como é, quando um pau entra de uma maneira tão perfeita que você acaba desmontando, perdendo as forças nas pernas, e aquele formigamento toma conta do seu ser.
— Madalena, está tudo bem? Posso deixar menor, se estiver te machucando — Jesus a olhava com preocupação.
Uma onda violenta de pensamentos a invadiu: ele podia deixar o pau menor? E maior, será que ele conseguiria? Será que ela deveria perguntar? Quais eram exatamente os limites para o filho de Deus nesse quesito? Será que ele conseguiria fazer crescer outro…
— Pelo visto, desse tamanho está bom então. — ele interrompeu os pensamentos dela.
Madalena ficou vermelha mais uma vez e assentiu com a cabeça.
Jesus metia nela ora com velocidade, ora mais devagar, mas sempre com força. Ele esfregava a base do pau no clitóris, enquanto fazia o movimento de vai e vem, deixando-a a ponto de atingir o orgasmo.
— Ainda não, minha jóia de Magda — ele alertou.
Então, a colocou de quatro e meteu novamente, enquanto passava o dedo suavemente nas bordas de seu cu, brincando com ele, sentindo cada pedacinho. Era rosa e muito apertado, mas ele, sendo quem ele é, enfiou um dedo com tal maestria que Madalena sentiu apenas prazer, nada de dor.
A mulher se contorcia e gritava o nome dele. A essa altura, não conseguia pensar em gemer baixo ou gritar baixo, ela apenas sentia. Sentia o formigamento começando em seu útero e logo se espalhando para o corpo inteiro, como se as estrelas estivessem explodindo por todo seu ser.
Já o pau de Jesus estava latejando, ficando cada vez mais duro enquanto ele estocava cada vez com mais força e velocidade. Finalmente, ele gozou, preenchendo-a com sua porra não-tão-sagrada.
Madalena lembrou-se então de quando viu seu marido, naquela mesma posição que ela estava agora, só que com o jovem rapaz por trás. Ela se levantou, sentindo a porra de Jesus escorrer pelas suas coxas, e deu a volta no corpo do homem, ficando atrás dele. Primeiro abraçou-o, sentindo seu peitoral firme e suas costas largas, depois, deslizou suavemente sua mão pelas nádegas de…
— Madalena? O que você está fazendo?
— Eu achei que…
Jesus precisou apenas de meio segundo pra entender o que se passava em sua mente.
— Não, não, não é assim que funciona, pelo amor de Deus… Não são todos os homens que… Ah, depois eu te explico isso. Vem cá.
Ele a segurou pelos braços e a deitou no pé da árvore, logo em seguida, deitou ao seu lado e aninhou sua cabeça em seu peito. Ambos olharam para cima e observaram o céu, escuro como o abismo, com muitos pontos brilhantes, vastas constelações que a cabala já desvendava. Repararam também que, na árvore, antes sem frutos, agora apareciam maçãs enormes, lindas e vermelhas, daquelas que você podia sentir o doce só de olhar.