Hoje eu aprendi sobre a mimíse de Aristóteles. O velho dizia que tudo era uma cópia de algo, e que, ao copiar, acabávamos desenvolvendo algo novo. Me senti impotente. Eu, como escritora, almejava ser original. Não pelo dinheiro ou pelo sucesso, mas só pra saber que eu poderia ser mesmo. Hoje também me chamaram de “Bukowski mulher”. Não sou e nem poderia ser. Bukowski se contentava com fodas medíocres, eu não consigo.
Dia desses fiquei obcecada por um cara, mais especificamente pelo pau dele. Não conseguia parar de imaginar. Tinha visto o sujeito apenas uma vez na vida e foi o suficiente para mover céus e terras e obter meu tão sonhado aval para foder com ele. Sempre digo, só sou motivada por duas coisas na vida: o ódio e o tesão.
Finalmente consegui o que queria, e, apesar de já ter sido avisada, ainda fiquei decepcionada quando ele sumiu. Comecei a me perguntar o quão original tinha sido nossa foda. Eu chupava como todas as outras mulheres? Sentava como todas as outras? Tudo que eu tinha feito, poderia ser facilmente encontrado em qualquer outra mulher? Me comparei com todas. Uma senhora passava na rua, eu me perguntava se o boquete dela era igual ou melhor do que o meu. Não confundam esse episódio com prepotência. Eu sabia que não era a melhor fodedora do mundo, afinal de contas, com os anos minha força vital desapareceu. O cigarro roubou meu fôlego, a idade começou a pesar. Mas juro, com aquele cara, eu dei tudo de mim. Era como se tivesse 15 anos novamente, nem lembrei que o peso do tempo havia caído sobre mim. Me deixei levar e não me importei com estrias, com o tamanho da minha barriga ou com as diversas cicatrizes que possuo. Botei na cabeça que era gostosa, que fodia gostoso, e fui.
Claro que alguns homens já nascem com o dom de te enganar, e, às vezes, você joga toda a experiência que obteve com anos no lixo e simplesmente deixa. “Queria fazer isso desde que te vi pela primeira vez.” “Quero te foder sempre” “Eu nunca trouxe ninguém aqui antes”. As mentiras em que nós escolhemos acreditar quando somos hipnotizadas por um pau. Mas, voltando à questão da originalidade, seria possível ser diferente de todas as outras pessoas? Fazer algo que mais ninguém faz e deslumbrar alguém a ponto dela querer você de novo? Os gregos provavelmente já fizeram tudo que era possível. Queria voltar no tempo e pegar algumas dicas, assim, não precisaria me forçar a acreditar nas mentiras que ouvi toda vez que fechava os olhos.
É realmente inacreditável o quanto alguém pode te foder mesmo depois de te ter tirado o pau da sua buceta. Minha obsessão não passou, pelo contrário, só aumentou. Ia para faculdade e imaginava o carro vermelho me esperando na porta, pronto para servir de motel. Fechava os olhos para dormir e lembrava de cada centímetro, cada gota de suor derramada. Pausava a música e podia ouvir todas aquelas mentiras sussurradas de novo. Tomava banho e confundia a água com ele me tocando. Não aguentava mais. Sabia que ia passar, já tinha me ocorrido antes, mas quando? E até lá, por quanto tempo eu ficaria imaginando essas coisas? Por quanto tempo eu me atormentaria tentando descobrir se chupava melhor ou pior que todo o resto do mundo?