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a garota de quinze anos, o cara esperto e um bêbado (reeditado)

Posted on 4 de setembro de 20244 de setembro de 2024 by duda

Eu escrevo há muito tempo, talvez não tempo o suficiente para realmente ser boa, mas um tempo considerável para perceber que minhas melhores palavras brilham nos meus momentos mais desesperadores. Mas nem de puro desespero vive alguém, então muitas vezes preciso procurar inspiração. Hoje me peguei relendo os textos de uma das pessoas mais intrigantes que já conheci. Esse amigo em específico sempre me dava algo sobre o que pensar – talvez por me comer incrivelmente bem, talvez por escrever o que eu queria ler, mas definitivamente por estar sempre bêbado. Afinal, como é que alguém consegue beber tanto e não morrer?

Em uma de nossas bebedeiras, conversamos sobre caras inteligentes e caras espertos. Na época, eu namorava um cara inteligente. E começava minha paixão de curto prazo com o cara esperto. Basicamente a diferença é que um vai dominar trocentos tipos de línguas diferentes, vai ser rico, vai casar e ter o perfeito sonho americano, enquanto o outro vai dominar o mundo com a sua lábia… O mundo, as bocetas e tudo mais. Um deles vai ser o marido perfeito, o outro vai ser a razão pelo qual seu vibrador precisa ser constantemente recarregado.

Certa vez, amei um do segundo tipo, que hoje, na verdade, vejo que não era tão esperto assim. Nem a foda era tão boa, mas tem coisas que a gente só descobre depois de uma certa idade, e distinguir uma foda mediana de uma foda incrivel é uma delas. Coincidentemente, esse amor lança perfume teve como pano de fundo a casa desse meu amigo, o que acarretou na primeira vez que fui mencionada em um conto, e aqui eu cito: 

“…um cara entrou no quarto com uma garota e ele saiu de lá duas horas depois como se houvesse apanhado de um peso pesado, com marcas roxas e arranhões. E esta garota só tinha quinze anos.” *

Naquela noite e por algumas outras noites, amei aquele garoto como as mulheres geralmente amam: como cocaína. Fiquei obcecada e precisei de reabilitação para largar. Lembro claramente de achar que aquele era o pau que me faria feliz pelo resto da vida – não poderia estar mais errada. Depois, amei como os homens geralmente amam: naquela hora, enquanto estava me fazendo gemer, enquanto ele estava deitado na cama me chamando de gostosa. E, na manhã seguinte, desamei, esqueci do garoto esperto, esqueci das conversas estimulantes pós-sexo e enquanto acendia um cigarro e tentava adivinhar o tamanho do pau de outro rapaz que esperava pelo ônibus no mesmo ponto que eu. 

Por mais que o tempo tenha passado e eu já não tenha mais quinze anos, ainda carrego comigo certa ingenuidade ao encontrar homens desse tipo; meia dúzia de palavras bonitas e uma trepada boa me fazem perder a sanidade. Mulher é assim mesmo. Você pode ter conhecido ela no dia, se a foda for boa, pode pedir em casamento e ela vai aceitar. Sem nem sequer pensar que você era só um sujeito aleatório por quem ela se sentiu atraída. Não há milagre que uma trepada não realize, realmente, assim como não há um cara esperto que não mexa com uma garota, seja de quinze, vinte ou trinta.

*https://bentoolico.blogspot.com/2014/04/gozolandia-eterna-e-para-os-fracos.html

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SOBRE A AUTORA

Transgredindo os pensamentos mais conservadores e causando danos irreparáveis às mentes mais puritanas. Escrevo isso aí quando fico entediada.
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